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“Lutámos com esperança”: memórias de ex-combatentes 50 anos após a independência de Moçambique

“Lutámos com esperança”: memórias de ex-combatentes 50 anos após a independência de Moçambique

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Volvidos precisamente 50 anos desde a independência nacional, proclamada no dia 25 de Junho de 1975, os moçambicanos celebram nesta quarta-feira (25), meio século de soberania, e as vozes dos que combateram pelo fim do colonialismo ganham ainda se fazem ouvir.

Trata-se de ex-combatentes, a maioria dos quais presos políticos que cumpriram a sua pena na cadeia da Machava e posteriormente vendidos pelo colono ao proprietário da Açucareira da Maragra.

Muitos são naturais do distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique e, actualmente, têm a sua residência em um acampamento no distrito de Manhiça, província meridional de Gaza.

Num breve contacto com a AIM, aceitaram partilhar as suas emoções, bem como memórias da luta, reflexões sobre o passado, presente e futuro.

 Os ex-combatentes, que depois de cumprirem sua pena na cadeia da Machava foram vendidos à empresa Açucareira da Maragra hoje, lamentam a situação em que se encontram, marcada por muitas privações.

 Por isso, clamam por melhores condições de vida porque no acampamento que lhes foi cedido  pela Maragra, mas,  infelizmente, vivem mais de duas a três famílias nos últimos anos.

 “Entrei na luta ainda adolescente tinha na altura mais ou menos 13 anos de idade, com o coração cheio de esperança”, recorda Damásio Chivuna, ex-combatente da Luta de Libertação Nacional, natural de Mueda.

Ele ingressou para a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) em 1970, a convite de um primo que trabalhava no Centro Piloto de Nangade, onde estudou até a 3ª classe e a posterior recebeu treino militar fora do país antes de integrar a frente de combate”, relatou.

O ex-combatente disse ter vindo a Maputo para visitar o tio que estava preso pelo governo português por ter sido surpreendido a distribuir cartões da Frelimo. “e o meu tio também foi apanhado nesse grupo e foi levado à Machava preso a partir de Mueda e depois para Ibo, Machai, Mabalane, onde o empresário dono da Maragra foi-lhes comprar (libertar)”.

Durante a entrevista, Chivina contou que durante a luta pela independência enfrentou situações difíceis, desde emboscadas a longas marchas sem alimentação adequada.

“Em 1973, após a conclusão de treinos militares caímos numa emboscada na estrada que liga Mueda ao Posto Administrativo de N’Gapa, que impedia a passagem de soldados não-portugueses, de soldados da Frelimo para não entrarem no interior.

Referiu ter havido baixas por parte dos soldados portugueses porque logo depois da explosão chegaram helicópteros para evacuar os feridos e os mortos.

Este foi o combate mais marcante porque foi o primeiro da sua vida.

 “Tínhamos medo, sim, mas o amor pela pátria era mais forte. Esse foi o combate que me marcou muito, porque eu ainda não tinha feito nenhum combate. Aguentei, no meio de tudo aquilo e fiquei satisfeito porque também disparei contra o inimigo”.

A AIM também entrevistou Manuel Catuma, natural da região de Mueda, em Cabo Delgado, ex-combatente da Frelimo e escultor, que dedicou a sua juventude à luta armada e enfrentou prisões, tortura e combate. “Desde que entrei na Frelimo, nunca mais descansei”, afirma.

 Catuma ingressou clandestinamente na Frelimo em 1964, com apenas vinte anos. Em 1969, foi recrutado para Nachingwea, onde recebeu treino militar por seis meses. “Na altura, o comandante era Fernando Matabela, antigo  governador da província de Gaza”, recorda.

Após a formação, foi colocado na base Beira, no primeiro sector em Cabo Delgado, onde participou em várias operações militares, incluindo a temida Operação Nó Górdio, conduzida pelas forças coloniais portuguesas para desmantelar a resistência. “Foi uma operação dura. As populações incentivavam-nos: Filhos, aguentem!”, conta Catuma, sublinhando que, apesar dos bombardeamentos e carros blindados inimigos, os combatentes resistiram.

Antes da independência, Catuma foi capturado pelo exército colonial e passou por diversas prisões: a cadeia de Mocímboa da Praia, Ibo, Machava, Mabalane, entre outras. Em algumas delas foi sujeito a torturas e testemunhou a morte de colegas. “Disparavam de todos os lados. Muitos não resistiram”, lembra.

Apesar da dureza, Catuma descreve a cadeia de Mabalane como tendo “alguma liberdade”. Ali, encontrou outros presos políticos e manteve viva a chama da resistência.

No dia 25 de Junho de 1975, ele encontrava-se no 3º Batalhão em Palma, Cabo Delgado. “Estávamos lá para garantir que a independência não fosse sabotada. Disparámos armas a noite inteira, em festa”, recorda.

Logo após a independência, foi transferido para Maputo, onde passou por vários centros de treino e acabou destacado para postos fronteiriços em Magude, Mapulanguene e Catembe. Permaneceu nas Forças Armadas até ser desmobilizado em 1994, já com a patente de capitão.

Apesar de tudo o que passou: prisões, combates, perdas, Catuma mantém o espírito firme. “Nunca parei. Desde a luta até à guerra dos 16 anos, estive sempre em pé. E hoje, continuo de pé, como escultor, como pai e como combatente da memória.”


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